Pular para o conteúdo principal
a imagem mostra uma onda sobre um fundo laranja, e mergulhado na água está um anzol. Fisgado por ele está uma aba do navegador, em que na metade submersa está escrito NEWS e na outra FAKE.

Fake news: tudo que você precisa saber sobre as notícias falsas

A internet possui mais de 1 bilhão de páginas disponíveis on-line, que tratam dos mais variados assuntos. Embaixo de tanta chuva de informação, pode-se cair em sites com notícias falsas, as chamadas de “fake news”, que ficaram bastante “famosas” de uns anos para cá. Incentivados pelo Dia da Internet Segura explicamos como as fake news são criadas e propagadas, e como evitar ser enganado por notícias falsas:

 

Internet: um mar de informações com ondas de notícias falsas

Na internet criamos uma imensa rede de conexões, não apenas com pessoas como também com lojas, produtos, serviços e marcas. Dentro dessa imensa rede de conexões também são compartilhadas informações e notícias, que fizeram do advento da internet, desde sua criação até hoje, um meio que inovou o modo como nos comunicamos e fazemos a comunicação. 

>> Você sabe como a internet foi criada? Descubra quem foi Tim Berners-Lee e o que ele tem a ver com isso

As notícias que lemos não vem mais apenas dos jornais físicos de papel. As versões digitais de sites e jornais fazem com que as telas de smartphones ou tablets sejam cada vez mais o meio por onde as pessoas se informam.

Notícias específicas sobre determinadas regiões do mundo até o bairro da cidade onde você mora, tudo você encontra com apenas alguns cliques em uma tela. Como mostrou uma pesquisa realizada em 2016 pela Secretaria Especial de Comunicação Social, onde foi revelado que 49% das pessoas se informa pela internet.

Mas não são todas as notícias que despertam interesse, não é mesmo? Esse filtro sobre o que nos interessa e o que não fica, cada vez mais, a cargo do que seguimos ou deixamos de seguir nas redes sociais. É assim que criamos a nossa própria “bolha” de informações.

Entretanto, dentro desse ambiente de fácil disseminação de informação ficamos expostos também a um grande número de notícias falsas. Quando não averiguamos as fontes de certas notícias corremos o risco de repassar mentiras para nossa bolha que, por sua vez, compartilhará com a sua bolha e por aí vai.

 

Como funcionam as fake news?

As fake news tiveram um salto de popularidade com as eleições norte-americanas de 2016, onde foram descobertas diversas notícias falsas repercutindo durante a campanha do então presidente eleito Donald Trump. A partir desse acontecimento, diversos canais e sites de notícias apontaram para a possibilidade do início de uma nova era: a de desinformar a partir de informações.

saiba identificar as fake news e não caia mais em notícias falsas

Isso se confirmou a partir de uma pesquisa publicada em 2016, em uma matéria da revista Superinteressante, onde pesquisadores compartilharam notícias de empresas e grande sites como a BBC, CNN, Fox News, etc. Após muitos usuários publicarem as notícias em seus perfis pessoais os pesquisadores rastrearam a quantidade de vezes que o link foi aberto, concluindo que 59% das pessoas que compartilharam o link não haviam clicado na matéria. 

Ou seja, muitas pessoas compartilham informações tendo como base o título da notícia. Esse tipo de acontecimento tem dado bastante espaço para a grande proliferação não só de fake news como também para o sistema de bots.

 

Quem são, ou melhor, o que são bots?

Os robôs ou bots possuem um papel importante na internet dentro de alguns sites. Os chatbots, por exemplo, são chats operados por robôs e agilizam o atendimento ao cliente em vários casos, ou auxiliam na fortificação de marcas de determinadas empresas. Há, inclusive, chatbots que auxiliam pessoas refugiadas no envio e requerimento de papéis para a conquista de seus vistos. 

o que são os social bots e como eles se relacionam com as fake news

O problema não está nesses bots e sim nos que são utilizados para interferir em debates e criar situações forjadas, imitando o comportamento humano. Esses robôs recebem o nome de social bots (robôs sociais), e são contas controladas por softwares que geram conteúdos como se aquele perfil fosse uma pessoa real.

Esses perfis e contas falsas em redes sociais promovem a desinformação a partir de notícias falsas, com o objetivo de influenciar determinada opinião sobre uma pessoa ou tema.

Contudo, por mais absurdas e fantasiosas que as notícias pareçam, muitas pessoas acreditam e compartilham a informação com seu grupo de amigos. Esse fenômeno, onde a verdade dos fatos se torna irrelevante, ganhou um nome: pós-verdade.

 

A pós-verdade e sua relação com as fake news

O dicionário Oxford elege anualmente uma palavra do ano na língua inglesa, e a de 2016 foi “pós-verdade”. Por definição, “pós-verdade” é relativo a quando os fatos são menos influentes na formação da opinião pública do que aqueles que apelam à emoção e às crenças pessoais. Em outras palavras: pós-verdade são mentiras mais adequadas aos nossos interesses.

No caso das fake news, esse fenômeno se apresenta como notícias que não possuem comprovação, mas estão de acordo com o que o usuário que a compartilhou acredita (ou, gostaria que fosse verdade), para convencer as outras pessoas da sua bolha de que suas teorias são comprovadas.

Outra característica importante da pós-verdade é a sua dicotomia onde tudo ou é certo ou é errado. Não existe meio termo. Isso faz com que ela seja utilizada bastante em situações como discussões religiosas, políticas ou, até mesmo, em esportes. 

Se você leu até aqui deve estar pensando que em tempos de tantas fake news quem encontra notícias comprovadas é rei/rainha, certo? Mas, good news: existem meios de você descobrir se a notícia é falsa ou não!

 

Como reconhecer uma fake news?

Antes de sair compartilhando uma notícia só pelo título pesquise a fonte do link no Google e descubra se o site é confiável através do histórico de notícias.

Analise se o mesmo fato apresentado na informação que você recebeu também é apresentado em sites de grandes jornais ou outros veículos de informação.

Nunca confie apenas em notícias que apresentam somente certos trechos de uma entrevista, sem explicar ou linkar o fato completo. E o mais importante: jamais compartilhe links de informações que você só leu o título da notícia.

No caso de infográficos, após a leitura do conteúdo sempre pesquise a veracidade das informações em sites confiáveis. 

Se continuar com dúvidas, existem alguns aplicativos que podem te ajudar a solucionar como:

1) Fato ou Fake

É um aplicativo feito pelo Grupo Globo que verifica conteúdo suspeito nas notícias mais compartilhadas da internet. 

2) Comprova

O Comprova é um projeto de checagem de fatos que conta com uma equipe de jornalistas de 24 veículos diferentes. O foco do projeto são as fake news relacionadas com as eleições de 2018.

3) Agência pública - Truco

O Truco é uma iniciativa de checagem de fatos da Agência Pública, uma agência de jornalismo investigativo fundada por mulheres em 2011. A instituição, sem fins lucrativos, traz reportagens sobre aspectos da administração pública, com foco na defesa dos direitos humanos.

 

O combate das notícias falsas no Brasil: a CPI das Fake News

A primeira audiência da comissão parlamentar que vai investigar o compartilhamento de notícias falsas nas redes sociais e também casos de assédio virtual foi realizada em 2019, e a CPI tem a missão de debater, definir e delimitar o que são as fake news e documentar o seu impacto na sociedade brasileira. Também tem como objetivo abordar a temática do cyberbullying, que é quando o bullying é praticado no meio virtual, que pode ser uma das causas do aumento das taxas de suicídio. 

O viés econômico também está em pauta, e a investigação pretende observar como a disseminação de notícias falsas impacta a sociedade e a democracia, num âmbito mundial. 

A ONG SaferNet Brasil é uma das incentivadoras da construção de uma internet mais segura, e realiza no Brasil as programações para o Dia da Internet Segura, que foi criado na Europa e já acontece em mais de 140 países.

Thiago Tavares Nunes de Oliveira, o fundador da SaferNet, já depôs na CPI explicando como funcionam as campanhas massivas de desinformação, como os alvos são escolhidos e como as redes sociais são um terreno fértil para a propagação das notícias falsas.

Na mesma audiência também foram tratadas questões ligadas ao assédio sexual pela internet e a prática de cyberbullying.

>> Quer entender como o cyberbullying pode impactar vidas? Aprenda com filmes e séries a identificar comportamentos de risco

 

As fake news tem prestado imenso desfavor dentro de debates importantes, ou até mesmo para conhecimentos gerais. Deve-se sempre pesquisar bem a respeito do tema, e buscar informações além da leitura da manchete.

Quando você deixa de compartilhar uma notícia falsa você contribui para que a internet seja um local mais seguro, e garante o papel dela como espaço de aprendizado.

Outra forma de fazer da internet um lugar mais seguro é não compartilhar nenhum tipo de informação íntima sem consentimento. O Revenge Porn, ou Pornografia de Vingança, é outro tipo de violência virtual que precisa ser combatido:

Pornografia de vingança: como denunciar e onde buscar ajuda.