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as tecnologias podem ajudar na prevenção do suicídio

Tecnologias e plataformas para auxiliar na prevenção do suicídio

A tecnologia vem se tornando cada vez mais essencial na rotina das pessoas, principalmente através das redes sociais online. Pesquisas indicam que a tecnologia e as próprias redes podem ser aliadas na prevenção do suicídio, inclusive auxiliando no diagnóstico precoce de transtornos mentais, como a depressão.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 300 milhões de pessoas sofrem com depressão no mundo. Além desse número, é possível prever um aumento, considerando casos ainda não diagnosticados. A própria OMS prevê que até 2020 a depressão será a doença mais incapacitante do planeta.

Dentro desse contexto, como utilizar a tecnologia para ajudar quem está sofrendo?

 

Algoritmo da vida: revista Rolling Stone e a prevenção do suicídio

O Twitter é uma das redes sociais online favoritas dos jovens, que cada vez mais migram do Facebook. Por sua constituição, é uma rede que abre espaço para que falemos de nossos sentimentos, e foi observando isso que a Rolling Stone lançou em 2019 o projeto Algoritmo da Vida, que identifica postagens de pessoas com ansiedade e depressão, e busca ajudá-las.

O algoritmo identifica expressões, frases e palavras geralmente utilizadas por quem possui algum tipo de transtorno mental, como a depressão, e pode estar pensando em se machucar. Quando o algoritmo identifica um padrão que pode indicar algum transtorno, um time analisa os dados e configura o envio de uma mensagem privada para o usuário, abrindo espaço para uma conversa e indicando o número do Centro de Valorização da Vida (CVV). 

É claro que o fato de um algoritmo estar fazendo essa varredura, e enviando essas mensagens também pode causar um sentimento de impessoalidade, além de uma certa invasão de privacidade.

Cabe lembrar que o algoritmo só atua em perfis abertos, e antes do envio de mensagens há a análise de dados, como a frequência das postagens com palavras e expressões ligadas à depressão. Quando o algoritmo identifica recorrência, um time de especialistas analisa as informações e define se o contexto se encaixa com sinais de transtornos. Só então há o envio de uma mensagem direta oferecendo ajuda. 

A importância do algoritmo está na divulgação do serviço do Centro de Valorização da Vida (CVV), sinalizando que a busca por ajuda começa com uma ligação, um e-mail ou uma visita a uma sede do CVV (clique AQUI para encontrar uma sede perto de você).

Além disso, o Algoritmo da Vida foi desenvolvido por um grupo focado em ajudar quem está sofrendo, e que queria expandir essa ajuda. Ter isso em mente faz com que fique claro que a tecnologia está ali para ajudar, oferecendo uma saída para quem está se sentindo sozinho, a ponto de achar que ninguém se importa.

 

Instagram: a plataforma que também oferece auxílio

Em 2017, a Royal Society for Public Health divulgou uma pesquisa em parceria com a Young Health Movement, que elegeu o Instagram como uma das piores redes sociais para a saúde mental dos jovens, aumentando níveis de ansiedade e distúrbios de sono e de autoimagem.

Contudo, como o número de usuários segue aumentando, é um papel social que a plataforma precisa desenvolver, no sentido de diminuir os impactos negativos. Uma das alternativas implementadas é de que quando você busca hashtags ligadas à depressão e ansiedade, antes das publicações serem mostradas há um aviso perguntando se a plataforma pode ajudar. 

Ao clicar no “saiba mais” você é encaminhado para uma página com opções como “Fale com um amigo”, que encaminha mensagem ou liga para alguém da sua confiança, “Fale com um voluntário” ou “Receba dicas”.

Se você está passando por um momento difícil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) conta com telefones que oferecem auxílio 24 horas, sem custo. Ligue 188 e peça ajuda. Você vai ser acolhido, você vai ser ouvido. Ligue 188 ou converse através do chat.

Em 2016, pesquisadores do Departamento de Psicologia de Harvard e do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade de Vermont analisaram o perfil de 166 usuários do Instagram em busca de marcadores de depressão.

Através de algoritmos baseados em aprendizado de máquina foi possível identificar um padrão compartilhado por usuários que tinham depressão. 

A pesquisa analisou mais de 40.000 fotos, e conseguiu identificar corretamente indivíduos que já haviam sido clinicamente diagnosticados com depressão, além de identificar os filtros mais usados por eles, bem como as cores predominantes nas fotos. 

Ou seja, é possível imaginar um futuro em que os indivíduos possam ser diagnosticados precocemente através do que compartilham nas redes. Essa possibilidade serve, principalmente, para quem está naquele período inicial de algum transtorno, atravessando a confusão de saber que algo está errado, porém muitas vezes sem saber o que fazer e como buscar ajuda.

Como ajudar alguém que está pensando em suicídio:

A pesquisa foi realizada com usuários que se voluntariaram para participar e concordaram em compartilhar o seu histórico de publicações. Ainda que futuramente o desenvolvimento de algoritmos desse tipo faça surgir discussões sobre invasão de privacidade, também abre possibilidades para que a tecnologia seja uma aliada no diagnóstico de doenças mentais, bem como no encaminhamento para os profissionais adequados.

 

Como o relato de outras pessoas pode ajudar quem está sofrendo

Toda vida importa, e compartilhar sua história de luta contra depressão, bullying, abusos ou qualquer tipo de transtorno mental pode ajudar para que outras pessoas não se sintam sozinhas, para que haja um sentimento de que outras pessoas também estão lutando contra as mesmas dores.

IMPORTANTE: Dependendo da densidade do relato, é importante considerar a utilização do termo "Trigger Warning" (aviso de gatilho). É difícil julgar quando um assunto pode servir de gatilho, pois o ser humano é único e formado pelas próprias experiências, mas na dúvida leia esse texto e esse

Quando o desafio chamado de Baleia Azul entrou em voga, o youtuber Felipe Neto publicou um vídeo a respeito, trazendo dados estatísticos sobre depressão e contando a própria experiência com a doença. 

O relato do youtuber serviu como incentivo para que se discuta sobre transtornos mentais abertamente, o que é de grande importância para prevenir o suicídio.

Se você quiser saber mais sobre audiovisuais que discutem sobre o tema, leia o nosso primeiro post do especial sobre Setembro Amarelo, que traz séries e filmes que debatem sobre o suicídio. Citamos os acertos do filme “As Vantagens de Ser Invisível” e prós e contras da primeira temporada da série “Os 13 Porquês”. 

Em Abril, a conta oficial de Instagram do príncipe Harry e da Duquesa Meghan, anunciou que o príncipe está trabalhando junto com Oprah Winfrey, apresentadora de televisão, na produção de uma série que vai tratar sobre doenças mentais e saúde mental, com estreia programada para 2020.

O príncipe Harry já trabalhou em muitos projetos dedicados à saúde mental de jovens, e ele mesmo já teve a saúde mental abalada, principalmente em função do que aconteceu com a mãe, a princesa Diana. Oprah já lutou contra a depressão, e relatou experiências com pessoas próximas que sofreram de transtornos mentais.

Duas personalidades famosas falando sobre doenças mentais e produzindo um documentário a respeito auxilia para que o assunto vá perdendo o estigma, além de mantê-lo em discussão. 

Se você está passando por um momento difícil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) conta com telefones que oferecem auxílio 24 horas, sem custo. Ligue 188 e peça ajuda. Você vai ser acolhido, você vai ser ouvido. Ligue 188 ou converse através do chat.

Para entender como identificar a depressão nas diferentes fases da vida, leia o nosso segundo conteúdo especial sobre Setembro Amarelo. Lembrando que ainda que a internet forneça todas as informações possíveis, nada substitui a consulta com um profissional da saúde habilitado para cuidar da saúde mental. É ele que consegue efetuar um diagnóstico preciso e receitar o melhor tratamento.